Bu�uel, Luis
"Apenas amamos aquilo que não possuímos por completo"
Proust, Marcel
A AJUDA
Quem ajuda fá-lo porquê?
Porque quer fugir da sua própria vida. Porque é mais fácil dizer como é que as pessoas podem resolver os seus problemas, do que eu próprio resolver os meus. Porque quando "acho" que alguém merece pena, eu próprio me posiciono num nível superior e assim julgo que sou melhor do que o outro. Porque quando ajudo me distraio, mostro o quanto sou solícito, para que a pessoa me retorne um "eu" que eu gostaria de ser. Auto-suficiente, vitorioso. Porque ao ajudar, acciono um dos mais poderosos conceitos da humanidade. A piedade.
Só Deus julga. Só julga quem é Deus.
Quando tenho pena de alguém, estou de qualquer modo a julgá-lo. Ponho-me num plano superior. Sinto-me inconscientemente Deus. É inconsciente, nada deste processo é consciente, a pessoa não faz por mal. Mas quanto mais a pessoa precisa ir à vida da outra para se encontrar, para encontrar o seu "Eu", quanto mais ela vem à vida da outra pessoa para julgá-la, mais ela se desenergiza.
Quem está em perda, quem tem um problema, precisa de energia para resolver o seu próprio problema. Precisa que o incentivem a resolver o seu próprio problema com a sua própria energia. Precisa de estar limpo espiritualmente para resolver o seu próprio problema. Precisa que o deixem utilizar a sua própria lógica. Cada pessoa tem a sua lógica muito própria.
O problema de um, não pode ser resolvido com a lógica do outro. Mesmo que vos peçam ajuda, nunca apresentem a vossa lógica. Nunca digam o que "vocês fariam", nunca dêem conselhos. Dediquem-se, isso sim, a ajudar a pessoa a pôr em prática a sua própria lógica para encontrar a raiz da solução do problema. Limpem-na espiritualmente. Só assim estarão efectivamente a dar uma grande ajuda.
Todo o esforço é pouco para ajudar um homem a encontrar o seu caminho. Mas, para isso, tu tens que já ter encontrado o teu.
Este Jesus Cristo Que Vos Fala, Livro 3/ A Era da Liberdade,
Alexandra Solnado
"O amor começa pelo amor; não se pode passar de uma forte amizade senão para um amor fraco"
La Bruyère, Jean de
"É o pensamento / da morte que, no final, ajuda a viver "
Saba, U
A VAIDADE
Agora vou falar-te das vaidades e das veleidades dos homens. Todo o homem tem um brio. Todo o homem tem a sua vaidade. Todo o homem tem o direito de ter por si próprio um gosto que transcende o gosto pessoal. É o gosto de estar bem em sociedade, o gosto de se destacar pela beleza, pela competência, pela fama, pelo prestígio, pelo dinheiro ou pelo poder.
Todo o homem tem o direito de ser feliz. Desde que não pense que a felicidade vem desse aumento de potencial social. Tudo o que é do coração, a cabeça não domina. O homem tem que aprender a ser sábio, tem que aprender a cruzar as várias energias do seu corpo. Tem que aprender que de vez em quando deve pensar com o coração e outras deverá sentir com a cabeça. Mas não deve misturar. Cada coisa no seu lugar. A vaidade é um produto da mente. A felicidade é um produto do coração. Poderá, dentro do seu brio, da sua vaidade, obter poder, dinheiro e prestígio. Não, necessariamente, a felicidade.
A felicidade está guardada para os que conseguem conectar-se, recebendo energia do céu. Essa própria energia já é um exemplo da imensa felicidade que um ser humano pode atingir.
Só sentindo as emoções sozinho eu me conecto com o meu "eu". Isso provoca a conexão com o céu, que provoca a entrada de um amor incondicional, que provoca o compartilhar desse amor, que provoca a entrada de mais amor, que provoca o sentimento de felicidade... destituindo assim qualquer produto da vaidade. E fazendo com que os bens materiais ou as conquistas do ego estejam definitivamente desligados da obtenção de felicidade.
Este Jesus Cristo Que Vos Fala, Livro 1/ A Entrega,
Alexandra Solnado
O SILÊNCIO
Há milénios que os homens fazem barulho para encobrir o silêncio que há em si.
Há milénios que batucam, cantam, dançam para evocarem forças superiores a si próprios, para terem apoio. Para fugirem de si.
Do seu próprio silêncio.
O silêncio interior é tão profundo quanto o silêncio do deserto.
Mais profundo, mais denso, mais sepulcral.
Dizem que o silêncio interior é o mais difícil de suportar. O homem tenta, às vezes, mas na maior parte, desiste.
Não aguenta, e vai. Foge.
Segue em frente para novas aventuras, sempre para fora de si próprio.
O silêncio serve para se ouvir. O barulho serve para nos calarmos.
Só quem ouve é que sabe,
Só quem sabe é que intui,
Só quem intui é que sente,
Só quem sente é quem vive.
Este Jesus Cristo Que Vos Fala, Livro 3/ A Era da Liberdade,
Alexandra Solnado